Meu filho não dorme sozinho: o que fazer? Essa é uma dúvida comum entre pais e responsáveis. Se você está passando por essa fase, saiba que não está sozinho. Muitas crianças que antes dormiam tranquilamente passam a resistir ao sono ou querem dormir apenas ao lado dos pais.
Essa mudança pode trazer noites mal dormidas, cansaço acumulado e muitas dúvidas. A boa notícia é que, na maioria das vezes, isso faz parte do desenvolvimento infantil. O sono não depende apenas do corpo – ele também é influenciado pelas emoções, pela rotina e até pelo ambiente da criança.
Neste artigo, vamos entender as principais causas dessa resistência ao sono, os riscos de noites mal dormidas e, principalmente, compartilhar dicas práticas para ajudar você a lidar com essa fase de forma positiva e respeitosa.
Por que meu filho não dorme sozinho?
O sono infantil é uma construção. Cada fase traz novas necessidades e inseguranças. Quando a criança resiste a dormir sozinha, na verdade está comunicando algo: medo, insegurança, necessidade de contato ou dificuldade diante de mudanças. Por isso, nós como cuidadores precisamos dar atenção a essa mudança e assim, ajudá-los com amor.
Há diversos fatores que podem influenciar as crianças a não quererem mais dormir sozinhas, dentre os mais comuns estão:
Pesadelos
A imaginação fértil das crianças pode transformar sonhos em experiências assustadoras. Pesadelos geralmente aparecem após situações de estresse, mudanças de rotina ou após o contato com conteúdos inadequados para a idade. Como os pais podem ajudar:
- Acolha o medo da criança, mostrando que ela está protegida;
- Converse sobre o sonho se ela quiser, mas sem dar mais força ao medo;
- Se forem frequentes, mantenha um diário do sono para identificar gatilhos;
Terrores noturnos e sonambulismo
Mais comuns entre os 3 e 8 anos, esses episódios podem assustar os pais. Durante o terror noturno, a criança pode chorar, gritar ou se mover sem reconhecer a presença dos responsáveis – e geralmente não se lembra do ocorrido no dia seguinte.
- Como agir: O ideal é garantir a segurança, evitando que se machuque, sem tentar acordá-la à força. Em geral, o episódio passa em poucos minutos.
- Lembre-se: apesar de assustadores, esses eventos não costumam indicar um problema grave.
Ansiedade de separação
Muito comum entre 1 e 2 anos, a ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento natural da criança. Ela ainda não compreende que, mesmo fora de vista, os pais continuam presentes. Assim, dormir sozinho pode gerar insegurança.
- Erro comum: permitir que a criança durma na cama dos pais todas as noites ou ficar ao lado dela até dormir pode reforçar a dependência.
- Dica prática: Fique no quarto de forma tranquila, mas discreta, sentado em uma cadeira um pouco afastada. Aos poucos, vá se distanciando até que ela consiga dormir sozinha.
Estresse, mudanças de rotina e ansiedade
Nem sempre o problema vem de dentro do quarto. Muitas vezes, é o dia a dia da criança que afeta o sono.
- Mudança de rotina: a chegada de um irmão, troca de escola, viagens ou até a volta às aulas podem desorganizar o sono;
- Ansiedade: preocupações típicas da infância, como provas, amizades ou adaptações, também refletem à noite;
- Estresse: um ambiente muito agitado, brigas familiares ou excesso de atividades pode fazer a criança buscar mais contato físico e emocional com os pais antes de dormir;
Imagine uma criança que mudou de casa recentemente. Durante o dia, parece animada, mas à noite pede insistentemente para que a mãe fique ao seu lado. Esse pedido não é apenas birra, é a forma dela buscar segurança em meio a tantas novidades.
O que os pais podem fazer?
- Mantenham a rotina de sono estável, mesmo em períodos de mudança;
- Ofereçam um tempo de qualidade antes de dormir, como contar uma história ou conversar sobre o dia;
- Reforcem o vínculo durante o dia, para que a criança se sinta mais segura à noite.
Os riscos de não dormir bem
A partir dos 6 meses, o bebê já está pronto para receber novos alimentos. Isso acontece porque, nessa É comum ouvir: “Ah, é só uma fase, logo passa”. Em muitos casos, é verdade. Mas quando a dificuldade em dormir se torna frequente, pode trazer consequências para a saúde da criança.
Estudos mostram que 20% a 30% das crianças apresentam algum distúrbio do sono até a adolescência. Entre as consequências, estão:
- Dificuldade de concentração e aprendizado;
- Alterações de humor, como irritabilidade e ansiedade;
- Maior risco de sobrepeso e desequilíbrios metabólicos;
- Atrasos no desenvolvimento, já que o sono é essencial para memória e regulação emocional.
Ou seja, cuidar do sono da criança é também cuidar do seu desenvolvimento físico, emocional e cognitivo.
Dicas práticas para ajudar seu filho a dormir melhor
Aqui estão algumas estratégias que podem transformar a hora de dormir em um momento mais tranquilo e seguro:
- Estabeleça uma rotina previsível: Crianças se sentem mais seguras com a rotina. Defina horários semelhantes para dormir e acordar.
- Desconecte as telas antes de dormir: Evite TV, celular e tablet pelo menos 1 a 2 horas antes do sono.
- Crie um ritual de relaxamento: Histórias, músicas calmas ou até um banho morno ajudam a preparar o corpo e a mente.
- Cuide do ambiente: O quarto deve ser silencioso, com pouca luz e confortável. Uma luz suave pode trazer segurança.
- Use objetos de transição: Ursinhos ou paninhos funcionam como “companheiros de sono”.
- Demonstre firmeza com acolhimento: Mostre que entende o medo da criança, mas mantenha a rotina de dormir na própria cama.
Atenção: se os episódios forem muito frequentes, intensos ou prejudicarem o desenvolvimento da criança, procure orientação médica. O pediatra pode indicar acompanhamento especializado com profissional do sono ou psicólogo infantil.
Lembre-se: é só uma fase
O sono é parte essencial do crescimento da criança. Quando ela deixa de dormir sozinha, não significa apenas que está “manhosa” ou “fazendo birra”, mas que precisa de apoio, segurança e acolhimento.
Pesadelos, terrores noturnos, ansiedade de separação, mudanças de rotina ou momentos de estresse fazem parte da infância. Cabe aos pais observar, compreender e oferecer estratégias que ajudem a criança a se sentir segura.
Com paciência, rotina consistente e estratégias positivas, essa fase pode ser superada. Lembre-se: cada etapa do desenvolvimento passa e, com o tempo, seu filho voltará a dormir melhor, trazendo descanso e tranquilidade para toda a família.
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