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Alergia à água da piscina? Entenda o que realmente acontece

É só o calor chegar que as crianças já começam a pedir: “Vamos na piscina hoje?”. Para muitos pequenos, esse…

É só o calor chegar que as crianças já começam a pedir: “Vamos na piscina hoje?”. Para muitos pequenos, esse momento significa liberdade, diversão e aquele brilho no olhar que derrete qualquer coração. Mas depois da brincadeira, alguns pais percebem pele vermelha, coceira, olhos irritados, bolinhas pelo corpo… e logo surge a dúvida: “Será que é alergia à água da piscina?”

Se isso já passou pela sua cabeça, respira fundo: você não está sozinho(a). Essa preocupação é extremamente comum – e, na maioria das vezes, envolve algo bem diferente do que os pais imaginam.

A verdade é que a famosa alergia à água da piscina quase nunca tem relação com a água em si. O que costuma causar os desconfortos é o cloro ou seus subprodutos. Entender essa diferença muda tudo: desde os cuidados até o momento de decidir quando procurar ajuda.


Quando a criança apresenta manchas vermelhas, coceira, ardência ou descamação, estamos falando de um quadro de dermatite, uma inflamação da pele que pode ter várias causas. O que muitos pais não sabem é que:

  • Nem toda dermatite é alérgica;
  • Nem toda alergia aparece de forma imediata;
  • Nem toda irritação após a piscina é realmente alergia à água da piscina.

E isso acontece principalmente porque a pele das crianças é naturalmente mais sensível.


A pele dos pequenos é mais fina, perde água com mais facilidade e tem uma barreira protetora ainda em amadurecimento, especialmente antes dos 3 anos. Por isso, substâncias irritantes, como o cloro, podem causar mais reações do que em adultos.

Ou seja: a pele não é “fraca”. Ela apenas está se desenvolvendo. Isso explica por que tantos pais acreditam que o filho tenha alergia à água da piscina, quando na verdade trata-se apenas de uma irritação.


Essa é a principal confusão que leva tantos pais a acharem que seus filhos têm alergia à água da piscina.

A dermatite irritativa é a causa mais comum nas crianças. Ela acontece quando uma substância irrita diretamente a pele, e o cloro é um dos maiores responsáveis por isso. Já a dermatite alérgica envolve uma resposta imunológica e costuma surgir após os 3 anos, quando o sistema imune amadurece.

Na prática, isso significa que a maior parte das reações após a piscina não é alergia verdadeira, e sim irritação química.


Quando pais usam esse termo, geralmente estão descrevendo uma irritação causada pelo cloro, não por alergia real à água. O cloro não é vilão (ele é essencial para manter a piscina limpa) mas pode remover a camada natural de proteção da pele, causando:

  • ressecamento;
  • ardência;
  • vermelhidão;
  • coceira;
  • pequenas bolinhas, semelhantes a eczema.

Esses sintomas se parecem com alergia, mas não representam uma verdadeira alergia à água da piscina.


A irritação causada pelo cloro pode atingir várias partes do corpo. Na pele infantil, especialmente, ele provoca ressecamento e vermelhidão. Nos olhos, causa ardência e lacrimejamento. E em piscinas fechadas, onde há mais vapores, algumas crianças podem apresentar tosse ou leve chiado – sintomas que muitos pais confundem com alergia à água da piscina, quando na verdade são apenas efeitos do ambiente.


Na maioria dos casos, não há necessidade de evitar piscinas. Com pequenos cuidados, é possível reduzir muito o desconforto:

  • Enxaguar a pele logo após o banho de piscina;
  • Usar hidratante hipoalergênico;
  • Preferir piscinas ao ar livre;
  • Usar óculos de natação;
  • Evitar longos períodos na água;
  • Garantir boa manutenção da piscina.

Essas medidas ajudam bastante e evitam que irritações simples sejam confundidas com alergia à água da piscina.


Sim, a alergia à água da piscina existe, mas é extremamente rara. O nome é urticária aquagênica, e não tem relação com cloro ou produtos químicos.

  • A água (qualquer água!) desencadeia pequenas lesões e vermelhidão no tronco;
  • A reação pode coçar e arder;
  • A duração varia de 10 a 60 minutos;
  • O diagnóstico é feito por alergista.

A maioria das reações após piscina não é isso, e sim irritação química.


É importante buscar avaliação médica se:

  • as lesões forem muito intensas;
  • houver sangramento ou fissuras;
  • a irritação piorar a cada exposição;
  • houver chiado ou dificuldade para respirar;
  • os sintomas demorarem mais de 48h para melhorar;
  • houver suspeita de alergia verdadeira.

Dermatologistas e alergistas podem orientar testes e tratamentos específicos, sobretudo quando há dúvidas persistentes sobre alergia à água da piscina.


Uma abordagem leve ajuda muito:

“Seu corpo está falando com a gente. Ele não gosta muito do cloro, então vamos cuidar da sua pele para que você possa aproveitar a piscina sem machucar.”

Assim, a criança coopera com o banho, com o hidratante e entende por que, às vezes, é preciso fazer pausas para que a pele se recupere.


A grande maioria das reações não é alergia à água da piscina, e sim irritação ao cloro. Com cuidados simples, é totalmente possível manter a pele saudável, evitar desconfortos e permitir que a criança aproveite a piscina com segurança e alegria.

A água é lugar de conexão, liberdade e vínculo – e merece ser vivida sem sustos.
Ao entender o que realmente está acontecendo, você se sente mais seguro(a), previne problemas e ainda ensina a criança sobre autocuidado.


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  • Gehlen B., Motta A. A., Agondi R. C. Urticária aquagênica: relato de caso e revisão de literatura. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, vol. 6(1):122-126, jan-mar 2022. Acesso em: https://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=1254.
  • Pigatto P., Martelli A., Marsili C., Fiocchi A. Contact dermatitis in children. Italian Journal of Pediatrics. 2010;36:14. Acesso em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2828457/.

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