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Adultização e tempo de tela infantil: como proteger seu filho e promover um desenvolvimento saudável

Nos últimos dias, um tema delicado tomou conta das redes sociais e dos noticiários: a adultização infantil na internet. O…

Nos últimos dias, um tema delicado tomou conta das redes sociais e dos noticiários: a adultização infantil na internet. O assunto ganhou força após o caso envolvendo o influenciador Felca, que reacendeu discussões sobre os conteúdos que chegam às telas das crianças – e como eles podem influenciar seu comportamento e desenvolvimento.

Para muitos pais, o episódio foi um lembrete desconfortável, mas necessário: estamos realmente atentos ao tempo de tela infantil e aos impactos que ele pode ter no desenvolvimento?

Sei que não é fácil. A vida corrida, o cansaço e a rotina agitada muitas vezes nos levam a usar celulares, tablets ou TV como aliados para ganhar um momento de descanso. Mas, quando o uso se torna excessivo (e pior, sem supervisão) os riscos aumentam: desde exposição a conteúdos inadequados até prejuízos no desenvolvimento social, emocional e físico.

Neste artigo, vamos conversar sobre como o tempo de tela infantil influencia o desenvolvimento infantil, qual é o limite seguro para cada idade e como oferecer alternativas que fortaleçam o vínculo familiar, sem cair na culpa ou no excesso de proibições.


Brincar é mais do que entreter: é a forma como a criança descobre o mundo e a si mesma. É brincando que ela:

  • Aprende a lidar com desafios e a reagir a diferentes situações.
  • Explora o ambiente, desenvolvendo coordenação motora e percepção sensorial.
  • Exercita a imaginação e a criatividade.
  • Cria laços afetivos e habilidades de socialização.

Nenhum vídeo ou jogo eletrônico, por mais educativo que pareça, substitui o valor de um abraço durante uma brincadeira, a troca de olhares ou a descoberta de algo novo ao ar livre.


Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso recreativo de telas deve seguir estes limites:

  • Menores de 2 anos: nada de telas (nem mesmo de forma passiva).
  • 2 a 5 anos: até 1 hora por dia.
  • 6 a 10 anos: entre 1 e 2 horas por dia.
  • 11 a 18 anos: entre 2 e 3 horas por dia.

Quando o tempo de tela infantil é ultrapassado, aumentam as chances de:

  • Distúrbios do sono.
  • Queda no desempenho escolar.
  • Dificuldades de socialização.
  • Problemas de atenção e concentração.
  • Alterações na alimentação e sedentarismo.

Não é tarefa da criança controlar seu tempo de tela, essa responsabilidade é dos adultos que cuidam dela. E isso não significa “proibir tudo”, mas sim criar um ambiente equilibrado, com momentos de conexão real.

Sei que, no dia a dia, parece impossível. Mas pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença, como incluir mais brincadeiras, caminhadas, jogos de tabuleiro ou até cozinhar juntos.


Diminuir o tempo de tela infantil não significa privar a criança de diversão ou cortar totalmente a tecnologia. Significa, acima de tudo, oferecer outras formas de brincar, aprender e se conectar com a família. Pequenas mudanças na rotina podem ter um impacto enorme na qualidade de vida e no desenvolvimento dos pequenos.

Nada substitui a atenção de quem cuida. Reserve momentos no dia para brincar, conversar ou simplesmente estar junto, sem celular ou TV por perto. Uma hora de interação genuína pode ser mais estimulante do que várias horas de vídeos.

Atividades ao ar livre reduzem naturalmente o tempo de tela infantil. Passeios no parque, piqueniques, jogos com bola, andar de bicicleta ou até uma caça ao tesouro no quintal estimulam o corpo, a mente e fortalecem o vínculo afetivo.

Nem sempre é preciso gastar para entreter. Brincadeiras de faz de conta, teatrinhos com fantoches, construção com blocos ou massinha, pintura e colagem são exemplos de atividades que despertam a imaginação e afastam as crianças das telas.

Convidar o filho para ajudar a cozinhar, cuidar das plantas, organizar brinquedos ou arrumar a mesa pode ser divertido e educativo. Essas experiências desenvolvem autonomia e ainda reduzem o tempo de tela infantil sem que ele perceba.

As crianças observam mais do que escutam. Se os pais passam muito tempo no celular, é provável que elas queiram fazer o mesmo. Reduzir o próprio uso de telas, especialmente nos momentos em família, é uma mensagem poderosa.

Dica extra: estabeleça combinados claros sobre o uso de tecnologia – como horários específicos e regras para uso em locais comuns da casa. Quando todos seguem o mesmo acordo, a mudança é mais fácil e natural.

O caso Felca deixou claro: o risco não está apenas no tempo excessivo de tela, mas também no tipo de conteúdo consumido. Por isso, é essencial que você, pai ou mãe, acompanhe e oriente.

A tecnologia é parte do mundo atual e pode ser usada para aprender e se divertir – desde que com equilíbrio e supervisão. Mas que ela nunca roube o que realmente importa: o olhar atento, o riso compartilhado e as memórias que nenhuma tela pode substituir.


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Cuida Criança

O Cuida Criança é um espaço criado com carinho para mamães, papais e todos os responsáveis que buscam entender melhor a saúde, o desenvolvimento e o bem-estar das crianças. Aqui, falamos sobre pediatria de forma clara, acessível e acolhedora — sempre com base na ciência, no respeito às fases da infância e na construção de vínculos fortes e saudáveis.

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