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Cólica no bebê: causas, sintomas e como aliviar

Você já se perguntou se o seu leite pode estar causando cólica no seu bebê? Essa dúvida é muito comum…

Você já se perguntou se o seu leite pode estar causando cólica no seu bebê? Essa dúvida é muito comum entre as mães, especialmente quando o pequeno chora sem parar, parece desconfortável e nada parece resolver.

Antes de tudo, é importante saber: as cólicas são uma fase natural do desenvolvimento e, na maioria das vezes, não têm relação com o tipo de leite que o bebê recebe.

Durante os primeiros três meses de vida, o sistema digestivo do recém-nascido ainda está em adaptação. Por isso, é normal que ele apresente episódios de cólica, geralmente no final da tarde ou início da noite, acompanhados de choro intenso, irritabilidade e movimentos de dobrar as perninhas (uma forma do corpo tentar aliviar o incômodo).

Mas afinal, o que realmente causa cólica?
E o leite materno tem alguma culpa nisso?
Vamos entender melhor!


A cólica no bebê é um distúrbio funcional do sistema digestivo, muito comum nos primeiros meses de vida. Embora cause preocupação e até noites em claro, ela não é uma doença, e sim uma reação natural do organismo que ainda está se adaptando ao mundo fora do útero.

  • chorar de forma intensa e inconsolável;
  • ficar com o rostinho vermelho e o abdome endurecido;
  • dobrar as perninhas em direção à barriga;
  • soltar gases após o choro.

Esses episódios geralmente acontecem entre as 18h e meia-noite, período em que o bebê tende a estar mais cansado e sensível aos estímulos.

  • o bebê chora por mais de 3 horas por dia,
  • em pelo menos 3 dias da semana,
  • e por um período que se repete há 3 semanas ou mais.

Se o seu pequeno se encaixa nesses critérios, é provável que esteja passando pela fase típica de cólica.


As causas exatas da cólica no bebê ainda não são totalmente conhecidas, mas há diversos fatores que podem estar envolvidos. O principal deles é a imaturidade do sistema digestivo.

O intestino do recém-nascido ainda não tem a coordenação necessária para empurrar o alimento de forma eficiente, e isso gera o acúmulo de gases e cólicas.

  • Imaturidade do sistema nervoso central: o bebê ainda não sabe processar bem os estímulos do ambiente, o que pode deixá-lo mais sensível e choroso.
  • Colonização intestinal: ao nascer, o bebê não tem bactérias boas no intestino. Elas são adquiridas com o aleitamento materno, que ajuda na digestão e na proteção intestinal.
  • Alteração da motilidade intestinal: os movimentos do intestino podem ser mais lentos ou descoordenados.
  • Hormônios gastrointestinais: algumas alterações hormonais influenciam a digestão e a formação de gases.

A cólica é um sinal de que o corpo do seu bebê está aprendendo a funcionar por conta própria  e, por mais difícil que pareça, isso é uma boa notícia.


Aqui está a grande pergunta e também o maior mito: O leite materno não causa cólica no bebê.

O leite materno é o alimento mais completo e adequado para o recém-nascido. Ele contém todos os nutrientes necessários, além de substâncias que ajudam a proteger o intestino e fortalecem a imunidade.

O que pode causar confusão é o fato de que alguns bebês, por imaturidade intestinal, podem reagir a pequenas variações na alimentação da mãe. Mas é importante saber: essas reações são muito raras e, na maioria das vezes, não têm relação direta com o leite.

Antes de pensar em eliminar alimentos da dieta, converse com o pediatra. Restringir a alimentação materna sem orientação pode levar a carências nutricionais e não resolve a cólica no bebê.

Além disso, bebês alimentados com fórmula infantil tendem a apresentar mais cólicas, pois o leite artificial demora mais para ser digerido e pode gerar mais gases e constipação.


Ao nascer, o intestino do bebê é praticamente “novo”. Ele ainda não possui as bactérias benéficas que auxiliam na digestão e no funcionamento intestinal. Essas bactérias (conhecidas como microbiota intestinal) começam a se desenvolver com o aleitamento materno, que fornece nutrientes e anticorpos essenciais para essa formação.

Nos primeiros meses, é comum que o intestino ainda funcione de forma irregular. A digestão incompleta do leite gera formação de gases, que se movem dentro do abdome e causam dor e desconforto.

Com o tempo, o corpo do bebê amadurece e a cólica tende a desaparecer por volta dos 3 ou 4 meses de vida. Ou seja: é uma fase temporária, mas que exige paciência, acolhimento e, principalmente, calma dos pais.


Muitos pais buscam soluções rápidas e acreditam que medicamentos podem ser a saída, mas é importante entender: não há evidências científicas sólidas de que remédios resolvam a cólica no bebê.

  • Simeticona (antiflatulento): ajuda a dissolver as bolhas de gás no intestino, proporcionando um pequeno alívio. No entanto, o efeito é temporário e não trata a causa.
  • Probióticos: podem ter efeito benéfico em bebês amamentados, já que ajudam a equilibrar a flora intestinal. Em bebês alimentados com fórmula, a eficácia ainda é incerta.

Por isso, a recomendação é sempre consultar o pediatra antes de oferecer qualquer substância ao bebê. Automedicação nunca é segura nessa fase.


Felizmente, existem várias medidas simples, naturais e eficazes que ajudam a reduzir o desconforto do bebê  e todas envolvem contato, acolhimento e vínculo. Aqui estão algumas práticas que podem fazer diferença:

O colo é o lugar mais seguro do mundo para o bebê. O contato pele a pele regula a temperatura, o batimento cardíaco e acalma. Segurá-lo de barriga para baixo, apoiado no seu antebraço, também ajuda a aliviar a pressão abdominal.

O calor relaxa a musculatura e melhora a dor. Você pode usar uma compressa morna (nunca quente) sobre o abdome ou dar um banho morno. O importante é garantir conforto e segurança.

Movimentos leves de dobrar as perninhas sobre o abdome, como se o bebê estivesse pedalando, ajudam na liberação dos gases.

Luzes fortes, barulhos e excesso de visitas podem deixar o bebê mais agitado. Tente criar um ambiente tranquilo e silencioso, com iluminação suave e música calma.

O “charutinho” proporciona aconchego e lembra o útero materno. Use tecidos leves e não aperte demais.

Horários regulares para mamadas, banho e sono ajudam o bebê a se sentir seguro. A previsibilidade traz calma e menos cólicas.

Nada de chás, trocas de leite ou remédios sem prescrição. Essas atitudes podem piorar o quadro e até colocar o bebê em risco.


Ver o bebê chorar sem parar é uma das experiências mais angustiantes para os pais. É normal sentir-se frustrado, cansado ou até impotente. Mas é importante lembrar: a cólica no bebê não é culpa sua.

O bebê chora porque está aprendendo a se adaptar, e o choro é a forma que ele tem de comunicar desconforto.

Seu papel, como mãe ou pai, não é eliminar o choro de imediato, mas acolher e estar presente. O tom da sua voz, o seu toque e o seu cheiro transmitem segurança. Mesmo que o choro não cesse na hora, o bebê sente que está sendo cuidado e isso faz toda a diferença.

Uma dica prática: quando a cólica estiver intensa, revezem os cuidados. O apoio do parceiro, familiares ou amigos é essencial para que os pais também possam descansar e se manter emocionalmente disponíveis.


A cólica é, na maioria das vezes, uma condição benigna e passageira. Mas é importante observar sinais de alerta, que podem indicar que há algo mais:

  • choro persistente e inconsolável, mesmo após 3 ou 4 meses de vida;
  • vômitos frequentes ou em jato;
  • febre;
  • presença de sangue nas fezes;
  • diarreia intensa;
  • recusa alimentar ou perda de peso.

Se algum desses sinais aparecer, procure o pediatra o quanto antes. Somente ele poderá avaliar se o quadro é realmente cólica no bebê ou se existe outra causa associada.


Alguns costumes populares ainda circulam entre pais e avós, mas é importante saber que nem todos são seguros. Evite:

  • oferecer chás, mesmo os “naturais”;
  • trocar de fórmula sem orientação médica;
  • usar medicamentos caseiros;
  • interromper a amamentação;
  • deixar o bebê chorando sozinho por longos períodos.

Essas práticas não ajudam e podem atrapalhar o bem-estar e o vínculo emocional com o bebê.


Embora pareça uma eternidade, a fase da cólica no bebê é temporária. Na maioria dos casos, os sintomas começam por volta da 3ª semana de vida e desaparecem até o 3º ou 4º mês. Com o amadurecimento do intestino e o fortalecimento do vínculo com os pais, o choro vai diminuindo e o bebê começa a se sentir mais tranquilo.

Enquanto isso, lembre-se de que o colo, o carinho e a presença constante são os melhores remédios. Mais do que aliviar a dor, eles ensinam o bebê a confiar, a se acalmar e a se sentir amado.

Lembre-se: o seu amor é o que mais conforta o seu bebê. Mesmo nas noites mais difíceis, ele sente o seu cuidado  – e isso é o que realmente importa 💛


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Cuida Criança

O Cuida Criança é um espaço criado com carinho para mamães, papais e todos os responsáveis que buscam entender melhor a saúde, o desenvolvimento e o bem-estar das crianças. Aqui, falamos sobre pediatria de forma clara, acessível e acolhedora — sempre com base na ciência, no respeito às fases da infância e na construção de vínculos fortes e saudáveis.

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