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Febre em crianças: quando é sinal de alerta?

Ver o filho com febre é uma das situações que mais deixam os pais inseguros. O coração acelera, a ansiedade…

Ver o filho com febre é uma das situações que mais deixam os pais inseguros. O coração acelera, a ansiedade aumenta e, muitas vezes, surge aquela pergunta imediata: “Será que preciso correr para o hospital agora?”.

A febre é um sintoma comum – de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), está presente em até 30% das consultas pediátricas – mas nem por isso deixa de causar preocupação. 

A febre em crianças pode aparecer em uma simples gripe, após uma vacina ou até em infecções mais sérias. E é justamente essa incerteza que faz tantos pais se sentirem perdidos. Se você já se viu nessa situação, saiba que não está sozinho. Neste artigo, vamos conversar de forma clara sobre:

  • O que realmente é considerado febre;
  • Por que ela acontece;
  • Quando pode ser apenas um sinal passageiro;
  • e, principalmente, quando é um alerta de que seu filho precisa de avaliação médica.

Nosso objetivo é ajudar você a olhar para a febre com mais segurança, compreendendo que, na maioria dos casos, ela é um aliado do corpo e não um inimigo.


Antes de tudo, é importante entender o conceito.

A febre não é uma doença, mas sim um mecanismo natural de defesa. Quando o corpo da criança percebe a presença de vírus, bactérias ou outros agressores, ele “aumenta a temperatura” como estratégia para dificultar a multiplicação desses microrganismos e ativar o sistema imunológico.

Segundo a SBP, hoje é considerada febre quando a temperatura axilar é igual ou maior que 37,5 °C. Essa atualização é importante porque, até pouco tempo atrás, o parâmetro usado era 37,8 °C.

Mas atenção: nem sempre o número no termômetro conta toda a história. Crianças podem ter febre baixa e estarem visivelmente abatidas, ou apresentarem temperaturas mais altas e mesmo assim estarem ativas e brincando. Por isso, a avaliação deve sempre considerar o estado geral da criança.


Um erro comum entre pais e responsáveis é confundir a febre em crianças com variações naturais da temperatura.

Sabia que a temperatura corporal pode variar ao longo do dia? Isso é chamado de variação circadiana: No final da tarde e início da noite, é normal que a temperatura esteja um pouco mais alta e em dias quentes de verão ou após brincadeiras intensas, o corpo da criança também pode aquecer.

Essas situações não significam febre e não exigem intervenção. O importante é observar o contexto e, se possível, repetir a aferição em um ambiente mais tranquilo, com a criança em repouso.


Além do termômetro marcando valores acima de 37,5 °C, alguns sinais podem aparecer junto da febre:

  • Calafrios e sensação de frio;
  • Pele mais fria nas extremidades (mãos e pés);
  • Respiração acelerada;
  • Batimentos cardíacos mais rápidos (taquicardia);
  • Cansaço ou sonolência;
  • Choro e irritabilidade.

Esses sintomas podem assustar, mas muitas vezes são esperados dentro do processo febril. 

O que faz diferença é como a criança se comporta entre os episódios de febre.
Se ela continua ativa, aceita líquidos, interage e brinca, o quadro tende a ser benigno. Já quando o comportamento muda de forma significativa, é hora de ligar o sinal de alerta.


Aqui está o ponto mais importante para os pais: identificar quando a febre em crianças merece avaliação médica imediata.

  • Bebês menores de 3 meses com qualquer febre (mesmo 37,5 °C);
  • Choro inconsolável e irritabilidade intensa;
  • Sonolência excessiva ou dificuldade para acordar;
  • Recusa alimentar persistente;
  • Ausência de urina por mais de 6–8 horas;
  • Manchas na pele que não desaparecem ao esticar a pele;
  • Dificuldade para respirar, respiração ofegante ou chiado;
  • Convulsões.

Esses sinais podem indicar que a febre está relacionada a uma infecção mais séria e exigem cuidado rápido.


As razões para a febre são diversas e, felizmente, muitas delas são benignas. Entre as mais comuns estão:

  • Infecções virais: São as causas mais frequentes, como resfriados, gripes e viroses gastrointestinais.
  • Infecções bacterianas: Exigem maior atenção, já que podem precisar de antibióticos. Exemplos: otite, amigdalite, pneumonia e infecção urinária.
  • Vacinação recente: Algumas vacinas podem causar febre baixa nas primeiras 24–48 horas, o que é considerado uma reação esperada.
  • Exposição ao calor ou roupas em excesso: Bebês, principalmente, têm dificuldade em regular a temperatura corporal, e o excesso de roupas pode simular febre.

A boa notícia é que, na maioria das vezes, a febre pode ser acompanhada em casa com medidas simples:

  • Hidratação constante: ofereça água, sucos naturais ou leite materno, conforme a idade da criança.
  • Roupas leves e ambiente arejado: evite agasalhar demais, o que pode aumentar o desconforto.
  • Alimentação leve: respeite o apetite, oferecendo alimentos mais fáceis de digerir.
  • Repouso: permita que a criança descanse, mas sem forçar cama o tempo todo, se ela quiser brincar, está tudo bem.
  • Uso de antitérmicos: não existe um “número mágico” que determine quando medicar. O que realmente importa é o conforto da criança. Se ela estiver muito incomodada, o pediatra pode orientar o uso de antitérmicos como dipirona ou paracetamol.

Importante: nunca utilize medicamentos por conta própria sem a dose correta indicada pelo médico.


Muitos responsáveis compartilham dúvidas parecidas quando o assunto é febre. Veja algumas respostas que podem acalmar seu coração:

Não é recomendado. Banhos frios causam desconforto e não reduzem de forma eficaz. Prefira banhos mornos, apenas para refrescar.

Se ele estiver bem, dormindo tranquilamente, não é necessário acordá-lo apenas para medir. A exceção é se o pediatra tiver orientado em casos específicos.

Algumas crianças, entre 6 meses e 5 anos, podem ter convulsões febris. Apesar de assustadoras, geralmente são benignas. Mesmo assim, após o episódio, a criança deve ser avaliada.


Mais do que controlar a temperatura, o papel dos pais é observar a criança como um todo. Isso significa prestar atenção ao comportamento, à ingestão de líquidos, ao padrão de sono e às idas ao banheiro.

É normal sentir insegurança. A febre é um dos primeiros desafios da parentalidade, e a sensação de “não sei o que fazer” é comum. Mas lembre-se: ninguém melhor que você para perceber quando algo está diferente no seu filho. Essa sensibilidade dos pais é um instrumento precioso para o pediatra.


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Cuida Criança

O Cuida Criança é um espaço criado com carinho para mamães, papais e todos os responsáveis que buscam entender melhor a saúde, o desenvolvimento e o bem-estar das crianças. Aqui, falamos sobre pediatria de forma clara, acessível e acolhedora — sempre com base na ciência, no respeito às fases da infância e na construção de vínculos fortes e saudáveis.

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